Estudos de Cosmologia Chinesa

Ao contrário da Astrologia Ocidental, que se baseia somente no Zodíaco Solar (12 Constelações que constituem os signos no ocidente), na Tradição Chinesa, tanto a lunação quanto o estudo do movimento do Sol possuem igualitária importância, com variações devido ao enfoque. Na China, a população evidenciava a Lua como ponto de referência, devido à sua facilidade de observação, enquanto que os eruditos utilizavam os cálculos matemáticos muito mais precisos baseados no “astro-pai”. Antes de iniciarmos, entretanto, é conveniente compreendermos (e desmistificarmos) o que hoje se entende por astrologia chinesa.

Muito se ouve ou lê atualmente: “Como o zodíaco oriental é fácil ! – basta sabermos o ano de nascimento, e… pronto: todos que nasceram em 1962, por exemplo, serão do signo de Tigre.” Na realidade, esta constatação frequentemente encontrada não constitui, de forma alguma, a verdadeira visão astrológica chinesa, já que essa visão bastante simplificada que usa o simbolismo dos animais foi incorporado ao Império chinês por volta do século VII ou VIII d.C., com provável origem indo-tibetana. Além disso, é bom frisarmos que, além dos cálculos baseados nas posições dos planetas do sistema solar, (efemérides), as principais escolas do nosso estudo se baseiam também em símbolos energéticos que percorrem ciclos específicos de movimento Yin e Yang, do Wu Xing (5 ciclos) e das observações entre as relações do Céu (os chamados Troncos) e da Terra (Ramos).

Os principais métodos utilizados atualmente são:

  • Zi Wei Dou Shu: recentemente apresentado no Ocidente, atribui-se ao famoso monge taoísta Chen Tuan (Dinastia Song). Sem dúvida, é o mais complexo sistema astrológico chinês; nela, se estudam as transições de varias estrelas simbólicas, com atuação em 12 casas e 12 zonas de influência;
  • Jian Shu: Sistema com 12 Deuses Simbólicos baseados nos estudos do movimento Solar, e as consequentes repercussões nas Energias Terrestres. Tradição pouco conhecida no Ocidente.
  • Datas Propícias – Xuan Kong Da Gua: complementar ao estudo dos próprios trigramas e suas variações, possibilita, através das relações entre o ano, o mês, o dia e a hora de nascimento, a obtenção de Hexagramas que exaltam a mutabilidade do Cosmos;
  • Estudo das 28 Mansões Lunares: um dos mais utilizados sistemas astrológicos. Estuda a eclíptica lunar ao redor da Terra, e as suas relações com os planetas do sistema solar. Devido a sua praticidade, torna-se uma ferramenta muito útil, principalmente se aliado ao enfoque do Feng Shui;
  • Astrologia Chinesa das 9 Constelações: baseia-se no estudo dos 9 Palácios do Quadrado Mágico (disposição imaginária e simbólica do céu que remonta a tradição do astrônomo Zhang Heng – Dinastia Han). Desenvolve-se a partir de um antiquíssima lenda, que relata sobre a manifestação da energia Chi Universal pelo filtro (ou espelho) das Estrelas Vega (representando uma das extremidades do espectro – Yin), e Polar (representando a extremidade ativa–Yang) e entre elas, a movimentação da Constelação Ursa Maior (Big Depper), que aponta para uma direção diferente a cada estação;
  • Ba Zi (4 Pilares do Destino): provavelmente desenvolvido na Dianastia Tang (618 – 906 d. C.), baseia-se nas relações entre os Troncos do Céu e os Animais Terrestres. Os símbolos obtidos permitem estudar com profundidade as relações intra e inter pessoais, avaliando as parcelas dos elementos faltantes e dominantes, entre outros, bem como estabelecer um calendário de tendências energéticas (Pilares da Sorte).

Muitos acreditam que o estudo do Ba Zi é totalmente independente das dinâmicas do Feng Shui (principalmente das Escolas San-Yuan e San-He). Isso é um erro, pois tanto as técnicas básicas quanto as avançadas se estruturam nessa Astrologia Ancestral. Assim, um estudioso em Ba Zi pode optar por não estudar o Kan Yu, mas um consultor de Feng Shui precisaria ter um conhecimento mínimo dos 4 Pilares do Destino para compreender a Luo Pan e, por conseguinte, realizar um bom trabalho.

 

Por Marcos Murakami