A Palavra do Convidado

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Fengshui – Modismo ou ferramenta para o Arquiteto? (Parte I)

Pelo Arquiteto e Consultor Ricéles Araujo Cósta

Quando estamos diante do “novo” costumamos nos comportar com admiração ou com desconfiança. Tem sido assim com muitas coisas e não foi diferente com o Fengshui. Da definição padrão apresentada nas revistas de arquitetura, decoração ou paisagismo, temos que Fengshui é “a Ciência Chinesa da harmonização de ambientes”. Para não fugir à regra alguns profissionais da Arquitetura vêem nessa definição a possibilidade de novos rumos para seus trabalhos com a utilização de cores, formas e objetos, pois com isso o ambiente ficará cheio de “boa energia”. Outro grupo foge correndo por considerar esse conhecimento um modismo esotérico/místico, ou por considerar que um espelho colorido e cheio de rabiscos orientais pendurados sobre a porta de entrada de uma residência é, nada mais nada menos, que uma demonstração mau gosto.

É certo que o Fengshui tornou-se popular no Ocidente nos últimos vinte anos e no Brasil a partir da década de 90. Mas há um equívoco em considerá-lo como algo novo. Existem registros arqueológicos com cerca de 5.000 anos que comprovam a prática de uma forma primitiva de Fengshui. Isso é bem anterior ao surgimento de filosofias como o Budismo ou o Taoísmo. Então, podemos descartar os rótulos de “novo”, “místico/esotérico” e “religioso”.

Quanto à “ciência Chinesa da harmonização de ambientes”, vamos pensar um pouco: os Chineses antigos foram exímios observadores da Natureza. Foi a primeira civilização a registrar fenômenos astronômicos como supernovas e alguns cometas. Inventaram a bússola e um calendário lunisolar bastante preciso. Desenvolveram, entre outras coisas, cálculos matemáticos, técnicas de fundição de metais, processos construtivos com alto grau de precisão e uma medicina não invasiva e que busca a saúde integral tão falada nos dias atuais. Será que iam se dar ao trabalho de desenvolver um conhecimento apenas para “harmonizar ambientes”, seja lá o que isso signifique?

Vamos a outro clichê: “Então, o que é Fengshui?”.

Fengshui é um conhecimento antigo fundamentado na observação da Natureza e na experimentação que combina elementos de diversas áreas (matemática, física, arquitetura, astronomia) e que se propõe a estudar o posicionamento das edificações em relação às influências naturais sutis e o resultado destas influências sobre os seres humanos. Os antigos mestres Chineses de Fengshui bem como os consultores contemporâneos reconhecem que cada edificação, terreno, área natural possui sua própria “vibração” e está sujeito a várias influências da paisagem que o circunda.

Eles compreendem a importância de uma correta localização de edificações, móveis e objetos, e sabem que certos tipos de influências dentro do ambiente e no seu entorno são benéficos enquanto outros podem proporcionar dificuldades para o corpo e a mente. Descobriram que quando as pessoas buscam o equilíbrio com as forças benéficas da Natureza, gozam de boa sorte, saúde e prosperidade. Quando se alinham com influências nocivas experimentam dificuldades e obstáculos.

Como influência natural, vamos incluir o clima, a ventilação, a insolação e outros aspectos bem conhecidos dos Arquitetos. Influência natural sutil se refere ao aspecto psicológico da paisagem natural ou construída e, ponto central de um estudo do Fengshui, o magnetismo.

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Sobre o Consultor Ricéles Araújo Cósta: Arquiteto e Urbanista graduado pela União das Escolas Superiores do Pará-UNESPa (1993), com especialização em Desenvolvimento de Áreas Amazônicas pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará-NAEA/UFPa (1996). Atuando como Consultor na área de Arquitetura e Patrimônio Cultural e como Professor e Consultor de Fengshui.